Soneto II

És tu, Adamo, humano enfim.
Inala este teu espírito que ainda
Crê na lágrima da santa à berlinda,
No fulgor dos olhos do querubim.

Experimenta a cólera arlequim,
A melancolia ocre do bufão;
Sente o ímpeto cruento e malsão,
A plácida pachorra pós-festim.

E teme o castigo pelos pecados,
Crê que terás na compunção o indulto,
Admira o mistério que grassa em ti

Pelos amores e paixões mesclados
À razão neste terreno desculto
De cinza e pó. Dirás então: vivi.